“Essa pandemia, que despertou a nossa fragilidade, também está criando espaço, ampliando o nosso poder de escuta e o que entendemos como autorresponsabilidade.”
*Por Douglas Maluf
Life trainer, palestrante e criador do Método MD de Inteligencia Emocional, Douglas Maluf é especialista no comportamento humano e conhecido pelos programas neurolinguísticos que desenvolve com atletas e celebridades.
Sem romantizar a crise que estamos vivendo, Maluf deu uma entrevista super especial ao Redes Cordiais (www.redescordiais) e compartilhou ideias de como usar o confinamento a nosso favor. “É possível usar esse momento para encontrar a beleza do silêncio (que anda cada vez mais escasso).” Para ele, a pandemia está criando espaços e ampliando nossa escuta. “É cedo para dizer… Mas, talvez, um dos “legados” do Covid-19 seja o entendimento do poder que tem a empatia e a solidariedade”.
RC: Como manter a sanidade em tempos de confinamento?
DM: São 2 principais pontos para manter a sanidade. O primeiro é se manter produtivo. E isso não está relacionado somente ao seu trabalho. Ser produtivo é estar presente (mesmo que virtualmente) sendo útil para seus familiares, vizinhos e amigos de alguma forma. Longe de mim querer romantizar essa crise que a humanidade está enfrentando. É cedo para dizer… Mas, talvez, um dos “legados” do Covid-19 para nós enquanto espécie seja o entendimento do poder que tem a empatia e a solidariedade. Essa pandemia, que despertou a nossa fragilidade e a sensação de impotência, também está criando espaço, ampliando o nosso poder de escuta e o que entendemos como autorresponsabilidade: Cuidar de si, para também poder cuidar do outro.E isso engloba muita coisa: investir um tempo do seu dia para praticar exercícios, cuidar daalimentação e da qualidade do seu sono e dos seus pensamentos. É usar o tempo livre para iniciar um projeto que está na gaveta por algum motivo, como ler um livro que há tempos está na sua lista, aprender um novo idioma…ou simplesmente brincar a tarde toda com seu filho no tapete da sala.
O segundo ponto é estar bem informado, mas na medida certa. É preciso coerência para não ser engolido por essa enxurrada de informação. Ler cada atualização sobre o caso o tempo todo não é saudável e certamente te deixará ainda mais ansioso. O importante é saber como se prevenir e como agir caso exista contágio. No mais: escolha um momento do dia para entender o panorama geral da situação, mas não passe o dia fazendo apenas isso.
RC: A solidão é um dos sentimentos mais reportados nos tempos de isolamento. Como lidar com ela?
DM: Entendendo que a solidão pode ser uma questão de perspectiva. Estar isolado não significa estar só e para isso contamos com a tecnologia. Então vamos usá-la a nosso favor! É claro que nada substitui o toque, o abraço e o olho no olho. Mas, ainda sim, é possível estar presente na vida das pessoas que você gosta. Além disso, é um bom momento para diferenciar a solidão de solitude. Em um mundo tão conectado e cheio de estímulos, estar só pode parecer algo ruim e doloroso. Mas não precisa ser assim. É possível usar esse momento para encontrar a beleza do silêncio (que anda cada vez mais escasso). Uma pausa para entrar em contato com o nosso mundo interno e observar as nossas emoções pode funcionar como um “mergulho” e também como um “respiro” e muitas reflexões podem surgir daí. Dê um chance para sua própria companhia, certamente vai valer a pena.
RC: O mistério envolvendo a COVID-19 gera uma grande sensação de insegurança. Não sabemos muito sobre a doença, sobre suas vítimas, ainda não descobrimos a cura e não sabemos até quando vamos ficar isolados… Como lidar com a insegurança e com os medos que envolvem uma crise dessas proporções?
DM: Abrindo mão da necessidade de controle. A única coisa que podemos, de fato, controlar, são as nossas escolhas. Os fatores externos têm influência em nossas vidas? Sim, sem dúvida. Mas as decisões que tomamos diante daquilo que a vida nos apresenta é que realmente moldam o nosso destino.
RC: As redes sociais ajudam a driblar a solidão, mas ao mesmo tempo contribuem para ansiedade. Como encontrar um equilíbrio entre se manter informado e não sofrer com tanta notícia ruim?
DM: Determinar horários específicos para se informar, escolher fontes confiáveis e seguras e procurar seguir páginas e perfis que te inspiram e não que provoquem ainda mais angústia.
RC: Muita gente diz que o “isolamento” pode ser uma oportunidade para cada um fazer uma viagem interna, uma reflexão sobre a nossa vida e sobre a forma como vivemos. Que dicas vc da para quem quer começar a fazer essa viagem interna?
DM: Autoconhecimento é um processo. Ele não é um destino, e sim uma jornada. Uma boa forma para iniciar essa “viagem” é criar uma espécie de diário de bordo das suas emoções. Coloque no papel as situações que acontecem no dia-a-dia e perceba como são suas respostas emocionais diante desses acontecimentos. Autoconhecimento é um exercício de observação, por isso, procure se manter atento durante esse período.
*Douglas Maluf é especialista em comportamento humano e dinâmica de grupos, no Instituto Douglas Maluf e faz parte do elenco de palestrantes da Casé Fala
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