Dia Internacional de Luta para a Eliminação da Discriminação Racial

A discriminação racial das instituições ainda gera insegurança aos corpos negros

 

Em 21 de março, a Luta pela Eliminação da Discriminação Racial remete ao massacre de 1960 disparado pela polícia, contra uma militância pacífica em Sharpeville, em Johanesburgo, na África do Sul.

Expõe a necropolítica do braço armado do Estado que visa o esvaziamento populacional da comunidade negra.

E em dias atuais, a discriminação racial das instituições ainda gera insegurança aos corpos negros, principais vítimas, jovens, da violência letal, e pode ser flagrada também atrás das grades, visto o etiquetamento e seletividade racial daqueles não-mortos pelos grupos de extermínio. Fora delas, é através da tragédia nos direitos humanos de mulheres ao realizarem abortos clandestinos, vitimadas pela moralidade de Estado que, sob o discurso de valorização da vida, se recusa à garantia dos direitos ao nosso próprio corpo e à reprodução. No entanto, nas prisões, apesar da gravidez, comumente ser por elas desejada, o Estado, negando aquele discurso aborta seus filhos. Quando não é Coronavirus, é toda eficiente tática de morte. Saúde e segurança pública são biopoderes.

Urge, portanto, mostrarmos nossa civilidade para a extinção desses espaços punitivos, finalmente depormos em prol do fim da violência contra a mulher. Afinal, manter um modelo de punição racista é alimentar o ciclo de violência, é impedir que a vítima saia dos braços do agressor, o Estado, pois, independentemente das conjunturas democráticas ou tiranas, temos no racismo e sexíssimo, ideologias estruturantes dos expedientes institucionais.

Ora, sabemos que as conquistas dos direitos do povo negro e das mulheres nunca vieram de forma simpática. Todas foram alcançadas à base da resistência, da chefia familiar, das queixas, do voto, do banzo, das celas, da escrita, da oralidade, dos acordos.

Para o fim da repressão racial não será diferente. Devemos aumentar os investimentos políticos em direção aos aparelhos repressivos, inclua-se ao a mídia estigmatizante que, na dianteira do processo penal, sentenciam pessoas negras, moradores de espaços populares e usuários de drogas à condição de delituosos.

Parem de nos matar!

Carla Akotiene é mestra, doutoranda em estudos feministas pela Universidade Federal da Bahia. Autora do livro “O que é interseccionalidade?” da Coleção Feminismos Plurais, coordenada pela filósofa Djamila Ribeiro e faz parte do elenco de consultores e palestrantes da Casé Fala.

Leve discussões sobre este tema para a sua empresa. Para contratar palestras ou outras ações com Carla Akotirene, é só entrar em contato pelo email: contato@casefala.com.br

Foto: wikipedia

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