A raiz da palavra sororidade vem do latim, soror, que quer dizer irmã. Em italiano, sorella significa irmã. Eu tive a oportunidade de viver isso nesse último fim de semana, no 4º Encontro Mundial de Mulheres, onde tive a alegria de palestrar e trazer uma vivência. O tema foi “As mães que desempoderam suas filhas”, tema forte e instigante. Muitas mulheres vivem à sombra do feminino e não à luz e, muitas vezes, não encontram o prazer de ser mulher e passam isso para suas filhas em forma de autoritarismo ou de ausência. Essas filhas sentem-se psicologicamente sem mães e acabam vivenciando o “Arquétipo da órfã”. No conto, o Patinho feio, contido no nosso “Livro sagrado”, e “Mulheres que correm com os lobos” e a autora traz essa compreensão. As filhas, que se sentem rejeitadas, não podem acessar a sua imagem positiva refletida, pois suas mães refletem a imagem negativa, ou seja, elas acabam acreditando que são feias, incompetentes e frágeis. Não confunda vulnerabilidade com fraqueza, tá? São coisas bem diferentes. A força feminina está em nos reconhecermos na nossa vulnerabilidade, de respeitarmos nossos momentos de “ida para a caverna”, de autoproteção. Muitas vezes, esse comportamento é visto pela sociedade (que nos quer 100% “produtivas” o tempo todo) como fraqueza. Respeitar seus ciclos e ritmos é força!
Você já se perguntou qual os lugares possíveis para a mulher em uma sociedade patriarcal?
- Bela adormecida, que é a mulher entorpecida, ou seja, anestesiada.
- A gata borralheira, aquela que foi relegada, excluída.
- Ser um homem, aquela que só pode ter um lugar se agir como um.
Precisamos redescobrir a nossa natureza ctônica (ligada à terra), aquela que troca de pele, que é cíclica, que pode ser forte e vulnerável ao mesmo tempo e encontrar nossa natureza autêntica feminina. Esse movimento é uma redescoberta e, para isso, você precisa estar disponível para mexer em suas crenças que têm em seu cerne a “domesticação”. Aquelas crenças sociais que entraram em seu interior e que você nem percebeu. Acredite: você foi domesticada e entorpecida por valores que a colocaram em um lugar ferido. Encontrar o seu poder é sair desse lugar de anestesia e ir em busca de sua bliss, termo cunhado por Joseph Campbell, mitólogo norte americano, que descreveu essa Jornada como ir em busca de sua autorrealização, aquilo que move você a encontrar aquilo que faz sua alma vibrar.
Não é esse relacionamento mais? Desapegue. Você não está só! Procure suas verdadeiras irmãs e peça apoio. Não é mais esse trabalho? Peça demissão. Há tantos ofícios no mundo que querem você!
Mulheres que não tiveram mães ou têm mães tóxicas, precisam descobrir sua família psíquica. O que é isso? Escolham pessoas que as enxerguem, que as reconheçam, que realmente olhem para vocês. Cuidado para não repetir o padrão da mãe que rejeita em seus relacionamentos afetivos. Cuidado para não escolher o relacionamento com o abusador, aquele que vai a inferiorizar. Escolha pelas pessoas que tem disponibilidade para amar você. Fique perto dela, isso trará vitalidade e pertencimento. Dentro da teoria das Constelações Sistêmicas, tudo deve ser incluso a fim de ter um lugar (o que foi rejeitado precisa ter um lugar).
A maior dor do ser humano é não pertencer. Precisamos pertencer, encontrar a nossa tribo. Ter uma função que faça sentido no mundo, corporificar nossos sonhos, materializá-los e tornar carne.
Em um círculo de mulheres onde a sororidade está presente, somos todas incluídas. Ah, Patrícia, mas só há luz, não tem sombra? Não tem competição? Sim, tem! Mas estamos conscientes de que podemos lidar com isso e não nos deixar dominar por elas. Temos consciência de que todas estão lá para evoluir, que podemos atuar como ventre psíquico de nossas irmãs, sermos parteiras umas das outras. Geramos empatia e acolhimento autêntico.
Essa é uma reflexão importante. Pense nisso. Sinta isso.
Por Pat Cuocolo – idealizadora do @mulheresdespertas , para palestras com Pat só enviar email para contato@casefala.com.br .