Homenagem da agenciada da Casé Fala Carla Akotirene aos 50 anos do Bloco Ilê Aiyê

Agenciada da Casé Fala, Carla Akotirene, homenageia o Ilê Aiyê pelos seus 50 anos de história.

Confira!!

50 anos

Rica em cultura e em resistência estética, a capital baiana promete proporcionar belezas, ritmos, banho de alfazema e reparação, alusivos aos 50 anos do Ilê Aiyê.

O Ilê Aiyê é patrimônio imaterial da Comunidade Negra. Logo, não deve ser visto como uma instituição particular cujas relações são inquestionáveis, uma vez que embora atue no mercado cultural, traduz atuação efetiva ao longo de cinco décadas na luta antirracista protagonizada pelo movimento negro.

O Ilê Aiyê faz a menina que um dia chamaram de macaca, orgulhar-se da pele preta. Sim, em blocos, atrevidos corpos negros desfilam por cinco decênios. E aos repiques do Muzenza contra um racismo que escondia câmeras, apagava luzes, mas não os sorrisos alvos das candaces de uma “raça negra criticada e oprimida, mas com fé e com brilho”.

São 50 anos de Ilê Aiyê tecidos em realezas, em panos da costa, gincados dos ombros, passos ijexás pelas alas do Malê Debalê ao encontro da paz do Cortejo Afro.

Houve tempos proibidos para a negra cultura das ruas pela sua exuberância que ameaçava, e nas TVs éramos invisibilizados, empurrados para sonos das madrugadas. O tempo-espaço ainda é conquistado à indiferença étnica de uma colonialidade do tipo “já vai tarde”.

Ao homenagear a inteligência, beleza e a musicalidade dos blocos afros neste carnaval, o bom senso corteja também os negros da marcação de frente da polícia, o descompasso na hora de ensaiar prender trabalhadores cordeiros, ou quiçá, perseguir os rolezinhos pipocas de uma gente jovem, tatuada, periférica e sem abadá.

Os blocos afros têm a capacidade singular de trazer na beleza e expressão política uma gente militante e intelectualizada, é massa num povo do qual a resistência cantada contra o racismo impediu que a história de vida negra fosse uma droga, lembrada somente na versão do crack.

É gente emocionada Olodum com o passado-presente, de nele, o ‘saci já ter arrastado o dinheiro e o sofá.’
E Negra Jhô? Nesta sociedade adepta de beleza novinha e esguia, sua legitimidade e história dançam à valorização de gingados, realeza e braços fortes.

O Ilê é o barco das dofonas.
Puxou Malê, Filhas de Gandhi. Eu e Você.

Apaixonada afim!!!

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